O amor de avós atravessa gerações com sabedoria e afeto
Histórias de avós e avôs de Itupeva revelam como carinho, memória e tradição continuam moldando famílias através do tempo.
O amor de avós tem um jeito especial de atravessar o tempo. Ele se manifesta em gestos simples e profundos, no toque das mãos que preparam receitas com afeto, nos olhos atentos às descobertas dos netos e nas histórias que guardam memórias de toda uma família. Mais do que presença, é uma força silenciosa que acolhe, ensina e fortalece gerações.
A Folha de Itupeva, reuniu relatos de mulheres e homens que vivem intensamente essa experiência. De futuros avós, ainda na expectativa da chegada do primeiro neto, a tataravós que testemunham o desabrochar de cinco gerações, cada história é um retrato do amor que se multiplica e se transforma com o tempo.
A emoção dos avós durante a gestação
Para muitas mulheres e homens, a notícia de que serão avós é um misto avassalador de alegria, expectativa e um novo propósito. Não é apenas a chegada de um neto ou neta, mas a redescoberta de um ciclo de vida e a promessa de um amor diferente, mais maduro e igualmente profundo.
Conversamos com a futura vovó Cleusa Cariri, que está acompanhando a primeira gestação de sua nora e filho. Essa fase é um preparo para a "vovozice", participando da escolha do enxoval e alimentando a imaginação de um futuro cheio de brincadeiras e aprendizados.
"É uma sensação indescritível. Você já sente um amor imenso por alguém que ainda nem conhece, e a vontade de proteger e mimar só cresce a cada ultrassom. Sabe, eu tinha um sonho de casar... e casei. Depois, tive um sonho de ter um filho... e tive. Esse filho cresceu e casou, mas meu sonho não parou aí. Meu sonho continuou... eu queria ser avó. E nesse momento sinto a alegria deste sonho se realizando com a chegada da minha netinha. Cada semana é uma nova descoberta, um passo a mais para o tão esperado momento de tê-la em meus braços", compartilhou emocionada.
Já a vovó Raquel Simões está acompanhando sua segunda gestação como avó (a primeira foi da nora e agora a da filha), e relata:
"É como reviver a maternidade de uma nova forma, com a experiência de quem já passou por tudo e a doçura de quem sabe o valor de cada momento. A primeira vez, com a nora, já foi pura emoção, um amor que explodiu no coração. Agora, com a minha filha, é uma dupla felicidade, a história se completa de um jeito que só a vida pode escrever. Estou passando por momentos de muita expectativa ao ver minha filha vivenciando a maternidade e de acompanhar de perto cada fase. É a família crescendo, e a certeza de que a vida se renova, e a cada gestação, a alegria e a união familiar só aumentam."
Já o vovô Divino Simões, nos contou sobre a emoção de acompanhar a chegada da netinha:
"Foi com muita emoção que nos reunimos para o chá de fraldas da minha netinha. Eu já tenho um netinho que foi muito bem-vindo em nossas vidas. A gente cresce, constitui uma família e tem seus filhos, e depois ficamos esperando os netos para nos realizarmos através deles. Em muitas coisas não conseguimos fazer com os nossos filhos, aí a gente se realiza através de nossos netos. Então foi uma grande emoção o chá de fraldas, e eu já fico imaginando a carinha dela na hora que nascer. E a minha emoção é dobrada porque o nome da netinha será o mesmo nome da minha mãe (in memoriam)."
Receitas e conexões que marcam gerações
Qual neto não se lembra do cheiro da casa da vovó? Ou daquele prato que só ela sabe fazer? As receitas e tradições são parte intrínseca do legado das avós, símbolos de afeto e memória afetiva.
Muitas vovós mantêm viva essa chama, passando adiante segredos culinários de família, histórias de festas juninas, natais e almoços de domingo. São nesses momentos que o sabor se mistura com as lembranças, criando laços inapagáveis e garantindo que um pedaço da história familiar seja preservado e apreciado por todos.
Conversamos também com a vovó Iracema Prado, avó de dois netos e duas netas, e ela, toda orgulhosa, contou:
"Meu neto Eric pediu para eu fazer o 'bolinho de batata' na festa de aniversário dele, porque ele queria que os amigos provassem. Nem acreditei! Fiz mais de 60 bolinhos com todo o carinho e vi a felicidade nos olhos dele. É uma alegria sem tamanho saber que algo que eu faço com tanto amor se torna tão especial para eles."
E Iracema ainda lembrou de um fato emocionante com a outra avó do mesmo neto:
"Para a outra avó, ele pediu para ela deixar a receita da sopinha preferida dele antes de falecer. Ele queria guardar aquele sabor para sempre."
São fatos que mostram como uma simples receita pode carregar tanto amor e memória, e como esses laços se fortalecem através da comida.
Em cada canto existem avós cujas vidas são um verdadeiro livro de experiências. Elas são as contadoras de histórias que atravessam gerações, transmitindo valores e ensinamentos preciosos. Seja na cozinha, compartilhando segredos culinários da infância, ou no quintal, ensinando sobre a natureza, essas avós são fontes inesgotáveis de carinho.
E falando de natureza, conversamos com a vovó Veraneide Góes. Ela conta com um brilho nos olhos sobre os momentos de relaxamento e aprendizado com o netinho Augusto:
"Meu neto é um pequeno explorador da natureza. Ele adora plantas, sejam frutíferas ou não, e juntos passamos horas no quintal, conversando, plantando, regando. É a nossa 'terapia verde', um momento de profundo amor e conexão, onde a gente não só cuida das plantas, mas também cultiva o nosso laço. É uma bênção ver a curiosidade dele e compartilhar essa paixão pela terra."
A magia dos vovôs em brincadeiras e companheirismo
Para além das figuras maternas, os avós também são pilares de afeto e alegria na vida dos netos. Com eles, a vida ganha um tempero especial, seja na empolgação de uma brincadeira, na cumplicidade de um passeio ou na sabedoria transmitida em cada conversa. Os avôs se revelam companheiros inesquecíveis, que com sua presença e carinho, constroem um repertório de memórias repletas de aventura e conexão, moldando a infância e o crescimento dos netos de maneiras únicas.
O vovô Sidney Madureira compartilha as alegrias de seu convívio com os netos:
"Eu sempre sonhei em viajar com meus netinhos sem os pais deles, só eu, eles e a vovó. E quando esse dia chegou, a emoção foi enorme. Eu tenho várias lembranças deles pequenos. Lembro com carinho que eu virava a netinha de ponta-cabeça, acima do meu ombro, e de brincar de cavalinho com eles na minha perna. E quando eu caía no chão fingindo que eles me derrubaram... nossas risadas eram muitas e a emoção de cada momento é indescritível. Agora eles já estão crescidos, mas a alegria de brincar juntos ainda nos acompanha sempre que possível."
O vovô Gilberto de Souza, por sua vez, nos conta sobre a alegria de acompanhar o netinho pedalando:
“Para mim, uma das maiores alegrias é acompanhar os passos do meu neto enquanto ele anda de bicicleta. Caminhar ao lado dele não é só um passeio, é um momento de carinho e presença que cultivamos juntos. Nessas caminhadas, buscamos criar memórias afetivas que vão ficar para a vida toda.”
O amor que multiplica
Não poderíamos deixar de conversar com uma vovó e um vovô que já testemunham o amor se expandindo por mais uma geração. A bisavó Neide Peverari, 80 anos, mãe de três filhos, avó de seis netos e bisavó da pequena Estela, de sete aninhos, compartilha uma emoção sem igual:
"É a coisa mais gostosa do mundo, ser mãe é bom... ser avó é melhor... e ser bisavó é melhor ainda. É uma sensação de que você está envelhecendo, mas envelhecendo para uma coisa boa na frente. Minha bisneta Estela fala: 'Bisa, como eu te amo muito!' É uma frase que fica dentro da gente e que é até difícil de explicar, é uma sensação muito maravilhosa, eu me sinto muito feliz."

Ver essa continuidade, esse amor se multiplicando, é a prova de que a vida segue e se fortalece através de cada um deles.
Conversamos também com o bisavô Luiz Carlos Sibikoski, que expressa sua imensa felicidade:
"Me perguntaram qual é a sensação de ser avô. Olha, ser pai foi maravilhoso, ser avô é uma coisa indescritível. Eu sou tão feliz porque eu tenho diversos netos e agora eu fui presenteado com uma bisneta. A minha bisnetinha é a coisa mais rica também. Sem dizer o outro netinho que está aqui com 3 anos. Eu morro por causa deles. Ser avô não tem palavras, não existe. É morrer no paraíso. Ser avô é isso... é maravilhoso."

E para coroar a celebração do amor que transcende o tempo, temos a honra de também relatar o depoimento de um elo vivo que conecta cinco gerações. A tataravó Carolina Moraes, carinhosamente conhecida como Calu, com seus 102 anos, mãe de quatro filhos (três in memoriam), avó de três netos, bisavó de oito bisnetos e tataravó de sete tataranetos, nos presenteia com a emoção da longevidade do amor que viu florescer ao longo do tempo.
"Eu sou muito agradecida porque Deus me deu esta oportunidade de viver e ver até os meus tataranetos, e por todos estarem vivos. Me sinto muito abençoada por isso", afirma Calu que também agradece por terem lembrado dela para esta homenagem.”
É a prova viva de que o amor nunca para de crescer, ele se reinventa e se fortalece a cada geração.
Entre o clássico e o moderno
Longe do estereótipo dos avós apenas em casa, os de hoje são multitarefas. Muitos ainda estão ativos profissionalmente, dedicam-se a hobbies, viajam e participam ativamente da vida social, sem abrir mão do papel fundamental na família.
Eles se adaptam às novas tecnologias para se conectar com os netos, marcam presença em eventos escolares e, muitas vezes, são a rede de apoio essencial para pais e mães que conciliam trabalho e filhos.
Os avós modernos provam que é possível equilibrar tradição e contemporaneidade, mostrando que o amor de avós transcende gerações e se adapta a qualquer tempo.
Entre receitas passadas de geração em geração, brincadeiras e conversas regadas a carinho, os avós seguem como guardiões do afeto, da sabedoria e da memória familiar. Cada um à sua maneira, clássica ou moderna, mais caseiros ou conectados, deixam marcas profundas nas vidas que ajudam a formar.
Mais do que parentes, eles são verdadeiros alicerces emocionais, pontos de apoio que atravessam o tempo com leveza e amor. E se há algo que todas as histórias revelam, é que ser avós não é apenas um papel: é uma forma de amar que continua ensinando, acolhendo e inspirando, geração após geração.