Luiz Orlando Forti e a arte de cultivar orquídeas no Orquidário Forti Scarpinelli
O orquidário abriga cerca de 20 mil orquídeas e recebe a visita de ciclistas, caminhantes e turistas de cidades vizinhas.
Desde tempos imemoriais, a beleza exótica e a complexidade das orquídeas fascinam a humanidade. Com suas formas inusitadas e cores vibrantes, essas flores são verdadeiras obras de arte da natureza. No entanto, o que muitos não sabem é que, antigamente, antes de serem celebradas puramente por seu valor ornamental, as orquídeas eram amplamente conhecidas e utilizadas por suas propriedades medicinais. Essa dualidade, beleza estonteante e importância histórica, torna o universo das orquídeas ainda mais envolvente.
Buscando navegar neste cultivo especializado e entender o mercado atual, a Folha de Itupeva visitou o Orquidário Forti Scarpinelli e conversou com um de seus fundadores, Luiz Orlando Forti, que compartilhou a história e os desafios do negócio.

Paixão e parceria em larga escala
O Orquidário Forti Scarpinelli nasceu da união de duas paixões e habilidades. O nome, como explica Luiz, é a junção dos sobrenomes dos sócios: Forti (dele) e Scarpinelli (do sócio, Valmir Scarpinelli). A ideia se concretizou quando Luiz, produtor rural com experiência em agricultura orgânica, uniu forças com Valmir, um orquidófilo colecionador há mais de 40 anos.
“Juntamos as experiências e ideias,” conta ele. “Eu entrei com o manejo e o espaço para fazer as estufas, e o sócio com a matriz e o investimento.”

O resultado é um orquidário que, prestes a completar quatro anos, já reúne mais de 20 mil orquídeas de mais de 30 espécies, incluindo algumas raras originárias da Colômbia, do Peru e do México.
Em meio a espécies internacionais, o orquidário também se preocupa com a flora regional. Luiz destaca o Catasetum Carijó, espécie nativa de Itupeva. “O nosso objetivo não é pegar da mata, mas sim multiplicar o que temos e preservar o que está na natureza,” ressalta.
Os desafios do cultivo e o mercado especializado
O cultivo de orquídeas em larga escala, como em uma grande estufa, exige técnica e dedicação. Luiz compara o manejo a uma agricultura tradicional, com seus próprios desafios de doenças e pragas, como cochonilhas e ácaros. Para manter a saúde das plantas, a equipe prioriza o controle biológico e o ajuste fino da umidade relativa do ar. Uma técnica especial empregada é a microaspersão, um sistema que pulveriza a água em finas gotículas, criando uma névoa suave que é crucial para as orquídeas, que amam claridade e umidade.
A produção de orquídeas é um trabalho de paciência. Após a polinização, a cápsula com as sementes vai para o laboratório para a semeadura em meio de cultura. Do laboratório até a planta estar pronta para o mercado, leva de três a quatro anos.
O orquidário utiliza três processos de multiplicação: semeadura (a cápsula), meristema (clonagem para garantir mudas idênticas e livres de doenças) e por corte (multiplicando a planta no início de um novo broto).
Perfis de consumidores e a “Rainha das Orquídeas”
O orquidário atende a dois perfis principais de clientes. O primeiro é o de colecionadores, que buscam espécies raras que ainda não possuem. Luiz cita exemplares importantes para esse público, como a Trianae, originária da Colômbia, Nobilior, Percivaliana e Laelia anceps, entre outras, cujos valores costumam ser mais elevados.
O segundo perfil é o dos clientes da cor, que escolhem as orquídeas pela aparência e tonalidade, independentemente da espécie. Nesse caso, a Cattleya Híbrida é a mais procurada, vendendo em maior volume e sendo uma opção mais acessível.
A Cattleya é, inclusive, conhecida como a “Rainha das Orquídeas” por suas flores grandes e perfumadas, sendo nativa da América do Sul. A única cor que Luiz afirma ser um mito é a “orquídea negra”. Segundo ele, o que existe são tons de vinho bem escuros, mas a orquídea negra, de fato, ainda não foi encontrada.
Crescimento e foco no turismo
Apesar de já ser um nome reconhecido em exposições, inclusive com títulos e troféus conquistados, o Orquidário Forti Scarpinelli continua em expansão, com planos para mais estufas. O mercado exige constante divulgação e participação em feiras, como as de Ribeirão Preto, Votuporanga e a já frequentada Piracicaba, por exemplo, no Festival de Orquídeas, Suculentas e Plantas Ornamentais.

Para o futuro, a meta é se preparar para a venda on-line em todo o Brasil e investir no turismo. O orquidário já recebe grupos de ciclistas, caminhantes e visitantes de cidades vizinhas.
Questionado sobre a dica mais importante para quem quer começar a cultivar orquídeas, Luiz Forti foi categórico: “Primeiro é o amor na profissão [...] se você fizer pensando só no dinheiro, você não vai prosperar. Em segundo lugar, é fundamental conhecer o mercado e dominar a técnica de cultivo.”
A história e o trabalho do Orquidário Forti Scarpinelli são admiráveis e mostram como a dedicação aliada à técnica pode florescer em um negócio de sucesso. Visitar o espaço e ver as mais de 20 mil orquídeas é um visual deslumbrante, uma experiência inspiradora que evidencia a paixão pela preservação e multiplicação dessas esculturas vivas da natureza!




