Luiggi Vianna: o artista que eterniza a história de Itupeva
Com uma carreira de três décadas de premiações e desafios, o artista demonstra uma filosofia de vida singular.
Existem pessoas que usam a arte para transformar o mundo à sua volta. O artista plástico, em sua essência, é um agente de transformação cultural e social, utilizando suas criações para expressar visões de mundo, provocar reflexões e enriquecer a sociedade.
Ao dar forma a tradições, valores e narrativas, o artista contribui para a identidade de um povo, e suas obras têm o poder de transformar espaços e oferecer momentos de tranquilidade e contemplação. A arte estimula o senso crítico, a criatividade e o desenvolvimento intelectual, e as obras de arte são um legado que transcende o tempo, preservando a memória cultural para as futuras gerações.
A série “Talentos de Itupeva”, da Folha de Itupeva, tem o prazer de apresentar Luiggi Vianna, itupevense de alma branca, coração valente e mãos coloridas. Pintor, escultor, desenhista, muralista, catedrático e, com muito orgulho, declara ser funcionário público. Uma alma que, com traços e cores, eterniza a história e a cultura de nossa cidade, sendo um testemunho de como a arte pode ser uma ferramenta poderosa para contar histórias.
Uma jornada artística desde a infância
Vianna relata que seu dom para a arte se manifestou desde a infância, com os primeiros traços feitos na areia de um pequeno rio e a atenção voltada aos movimentos e silhuetas das árvores. Seu talento nato foi lapidado com o esforço de sua mãe, que trabalhava para pagar uma escola de artes para os filhos.
Com o passar dos anos, Luiggi teve a oportunidade de aprender com grandes mestres, como Javier Ruiz, da Espanha; Raimondo Gambino, da Itália; Cleuza Navarro, de Itupeva; Jorge Abrão Esteves, de Jundiaí; Dihl, da França, Abel, da Argentina; Manucci, da Itália; Carlos Lopes, de Portugal; e Edgardo Ayar, do Chile, entre outros a quem é muito grato.
Além disso, ele teve formação em instituições como a Fundação de Detroit, a Academia Latino-Americana de Artes e a Academia Brasileira, com tudo devidamente documentado.
Sua jornada o levou a exposições de importância global, como a realizada na Galeria Ghatartta de Firenze e no Palácio de Priori, na Toscana, na Itália, além de uma exposição ao lado do renomado artista Carlos Vilaró, no Conrad, no Uruguai.
A arte como uma pinacoteca a céu aberto
Para Luiggi, usar sua arte para retratar a história e a cultura de Itupeva é mais do que uma paixão, é uma “obrigação de qualquer artista plástico”. Ele vê seu trabalho como um registro da passagem de uma época e da história de um povo. O mural da Praça São Paulo, por exemplo, feito em 2020, não é apenas uma obra de arte, mas uma “justa homenagem”, que eterniza a memória de figuras emblemáticas como o Padre Murilo Moutinho e a Maria Preta. “Ali está o passado até 2020 passo a passo. Desde os primeiros moradores, por isso começa com o gráfico dos índios”, explica.
Luiggi também é autor do mais recente projeto de arte pública da cidade, o “Poste da Paz”, o maior da América Latina, criado depois da bomba atômica que devastou o Japão, que traz a frase “A paz prevaleça na Terra” nos quatro idiomas que representam a formação de Itupeva: Iorubá, Tupi, Português e Italiano.
O artista também foi responsável por pintar o “Peixe de concreto - Jesus é o Senhor de Itupeva”, perto do Portal da cidade, e os murais no Centro de Convivência do Idoso (CCI), Fundo Social e Secretarias da Cidade.
A técnica do muralismo é vista por ele como uma “pinacoteca ao ar livre” para a população. Sua habilidade em dominar diferentes estilos e movimentos é notável, mas ele faz questão de ressaltar a importância de seus colaboradores. “Ninguém faz nada sozinho”, afirma, mencionando Rubens Siqueira, que ele descreve como um “gigante artista”.
O trabalho de Luiggi se estende também às escolas. Em parceria com a sobrinha-neta da artista, Tarsilinha do Amaral, ele criou murais gigantescos e lúdicos com a história de Tarsila do Amaral, levando a arte e a cultura brasileira para as crianças de Itupeva.
Filosofia, reconhecimento e futuro
Com uma carreira de três décadas de premiações e desafios, Luiggi Vianna demonstra uma filosofia de vida singular. Ele conquistou títulos como o “Arte Michelangelo Di Buonarroti” na Itália, mas o verdadeiro valor, para ele, não está na fama ou no ego.
“Eu tenho três décadas de premiações, conquistas, lutas, desafios e sei o que é vencer e também sei perder!”, diz. A maior importância dessas conquistas foi provar para mim mesmo o quanto sou valente. Minha maior qualidade é não amarelar. Ninguém tem que ser inferior por ser humilde!”.
Essa mesma humildade e dedicação se refletem em sua visão sobre a diferença entre ser um “pintor” e um “artista”. “Um artista nasce, é grande e jamais vai vender a sua arte, pois ninguém vende a sua alma!”, explica.
“Pintar qualquer um pinta. Já ser um grande é viver para este propósito, isso inclui dedicação intensa de domingo a domingo. Enquanto as pessoas descansam ou vão para o shopping, o artista estuda, trabalha, aprofunda”. Luiggi mantém contato com seus amigos artistas na Europa e é um grande admirador de Sarro aqui no Brasil.
Em relação aos seus próximos projetos, Luiggi Vianna menciona parcerias para exposições em Paris. Sua última exposição foi na galeria Vilhena, com a curadoria de Sandra Setti, onde teve a honra de expor ao lado de grandes nomes vivos da arte no Brasil.
Para aqueles que se sentem retraídos com o dom da arte, Luiggi é direto e sincero: “Até onde estão dispostos a trabalhar e estudar de domingo a domingo, madrugada adentro?”. Ele reforça que a verdadeira evolução vem da educação e do respeito, não da mera passagem do tempo.
“Respeito é o mais belo traje da alma! Educação é tudo! É saber que tens que ter a autonomia em saber o que é melhor para si próprio!”.
A jornada de Luiggi Vianna, com sua dedicação incansável e sua filosofia de que a arte é a alma do artista, é um verdadeiro presente para Itupeva. Seu legado não está apenas em suas obras, mas na inspiração que ele oferece a todos os que acreditam no poder da arte para transformar vidas.