Juros consomem quase 10% da renda das famílias brasileiras, aponta Banco Central
O impacto dos juros altos está relacionado ao tipo de crédito contratado. Cartão de crédito e empréstimos pessoais, concentram a maior parte da dívida.
O peso da dívida sobre as famílias brasileiras atingiu um patamar recorde em maio. Segundo dados do Banco Central, 9,86% da renda doméstica foi destinada exclusivamente ao pagamento de juros, o maior índice desde o início da série histórica, em 2005.
No total, 27,8% da renda familiar já está comprometida com dívidas. Desse montante, mais de um terço serve apenas para quitar os encargos, proporção quase três vezes maior que a observada em países desenvolvidos.
O impacto dos juros altos está relacionado ao tipo de crédito contratado. Enquanto o financiamento imobiliário, mais barato, consome apenas 2,1% da renda, modalidades mais onerosas, como cartão de crédito e empréstimos pessoais, concentram a maior parte da dívida. A taxa média dessas operações chegou a 58,3% ao ano.
Nos últimos dois anos, o saldo de crédito com recursos livres — excluindo o imobiliário — subiu 23,4%, pressionando ainda mais o comprometimento financeiro das famílias.
O contraste com a renda familiar é nítido. Em 2024, os gastos com juros avançaram 20,5%, enquanto a renda anual das famílias teve crescimento de apenas 3,2%, ampliando a vulnerabilidade econômica do país.