Cursos gratuitos ampliam oportunidades para mulheres de Itupeva
Iniciativas do Fundo Social de Solidariedade oferecem capacitação prática, incentivam o empreendedorismo e ampliam a presença feminina em diferentes setores.
Elas cuidam dos filhos, administram a casa e, muitas vezes, são as principais responsáveis pelo sustento da família. Em Itupeva, assim como em diversas cidades brasileiras, essa realidade se repete. Dados do IBGE mostram que 49,1% dos lares do país são chefiados por mulheres — um crescimento de mais de 10 pontos percentuais em relação a 2014 — quando o índice era de 38,7%.
Diante desse cenário, a busca por independência financeira passa, em grande parte, pela qualificação profissional. Por isso, quando os cursos são gratuitos, de curta duração e com aplicação prática imediata, tornam-se ainda mais acessíveis (e efetivos) para elas.
Capacitação como porta de entrada
Em Itupeva, o Fundo Social de Solidariedade tem assumido papel central nesse processo. A instituição, presidida pela primeira-dama Aline Cavalin, recebe majoritariamente mulheres: elas representam cerca de 80% dos inscritos.
Segundo Aline, os cursos vão além da formação técnica. “Nosso compromisso é garantir acesso à capacitação gratuita e de qualidade, valorizando os talentos locais e promovendo a transformação social”, afirma.
Atualmente, são oferecidas mais de 40 formações em parceria com Senac, Sebrae e Centro Paula Souza. A lista vai de áreas tradicionais, como estética, informática e costura, até setores marcados por estereótipos de gênero, como elétrica e barbearia. Todas incluem certificação.
As turmas reúnem mulheres a partir dos 15 anos, de diferentes perfis: mães chefes de família, jovens em busca do primeiro emprego, empreendedoras em início de jornada ou profissionais em transição de carreira. Muitas chegam em situação de vulnerabilidade social, enfrentando também dificuldades emocionais.
Segundo Aline, em alguns casos, as alunas relatam que os companheiros não trabalham ou não conseguem emprego, o que aumenta ainda mais a sobrecarga.

Quebrando estereótipos
Entre as formações oferecidas, algumas quebraram paradigmas logo em seu lançamento, como os cursos de eletricista e barbearia, que tiveram forte adesão feminina.
“No ano passado, oferecemos o curso de eletricista e tivemos quase 50% de mulheres inscritas. Quando trouxemos o curso de barbearia, que era voltado para homens, vieram mulheres também. O interesse delas é enorme”, conta Aline.

Além desses cursos, diversas alunas participam de outras formações oferecidas pelo Fundo, como o de Recepção e Atendimento, e as histórias dessas participantes reforçam o impacto da qualificação:
“É um aprendizado que aumenta as oportunidades no currículo. É importante para ter mais peso na formação. Você já é visto com outro olhar, especialmente na hora de uma contratação”, diz Maria Lúcia Bispo Alves.
Sua colega, Maria Gliceria Bispo de Lacerda, acrescenta: “Os cursos trazem mais oportunidades e, além de ajudar a atuar profissionalmente, também contribuem para o desenvolvimento pessoal, intelectual e profissional.”
Do mercado de pets ao digital
Cada curso atende a diferentes perfis e necessidades, ampliando o leque de possibilidades de inserção no mercado de trabalho ou de empreender. No segmento de serviços de pets, por exemplo, muitas participantes encontraram no Fundo Social a chance de profissionalizar o negócio e expandir sua clientela.
Aline explica que a maioria já trabalhava e buscava aperfeiçoar técnicas. Isso porque algumas tinham experiência apenas com tosa e queriam aprender o banho, enquanto outras desejavam empreender de forma mais estruturada. Ela cita o exemplo de quem já possuía um “pet móvel” e procurava o curso justamente para aprimorar os conhecimentos e oferecer um serviço melhor.
A informática também aparece como porta de entrada para o mercado digital, possibilitando desde o acesso a vagas até a divulgação de produtos e serviços.
“Muitas chegam aqui buscando um curso e, depois de formadas, voltam querendo saber como abrir um negócio ou como se divulgar nas redes sociais”, comenta a primeira dama.
Nesse mesmo sentido, o Fundo Social oferece um curso de Marketing Digital, com 60 horas de aulas, voltado para quem deseja empreender ou atuar na área. O curso aborda noções de planejamento, estratégias de divulgação, redes sociais e presença online, proporcionando ferramentas práticas para criar e expandir negócios ou fortalecer a atuação profissional no mercado digital.
Esse tipo de formação tem se mostrado essencial para que as participantes consigam alcançar maior visibilidade, organizar suas atividades de forma estratégica e gerar novas oportunidades de renda.
Apoio contínuo e expansão de oportunidades
O Fundo Social de Solidariedade conta ainda com diversas parcerias que ampliam os horizontes das participantes. Empresas colaboram cedendo professores, patrocinando cursos e oferecendo oportunidades de formação. Um exemplo é o curso de inglês noturno, oferecido em colaboração com a SEG Automotive, que auxilia as alunas em busca de promoção ou recolocação no mercado de trabalho.
Entre as iniciativas promovidas pelo Fundo estão a Semana das Profissões – voltada a jovens de 15 a 21 anos –, e a futura central de encaminhamento ao mercado de trabalho.
Em maio de 2025, o Fundo Social de Itupeva, em parceria com o Fundo Social Paulista, recebeu as carretas profissionalizantes, permitindo que cursos técnicos fossem oferecidos de forma móvel e alcançassem um número maior de alunas. Além disso, o Fundo oferece cursos remotos em colaboração com o SICOOB, possibilitando que as participantes estudem em casa e conciliem a aprendizagem com a rotina familiar.
Mesmo após a conclusão, a Instituição mantém contato com as participantes como parte de sua estratégia de acompanhamento e incentivo contínuo. Muitas ex-alunas comunicam conquistas, como a abertura de MEIs ou a obtenção de um novo emprego, garantindo que o aprendizado se traduza em oportunidades concretas.
“Esse contato é feito principalmente por meio de grupos de WhatsApp, visitas esporádicas, participação em feiras e eventos organizados pelo próprio Fundo Social, como a Feira Empreenda Mulher”, explica Aline.
Do conhecimento à independência
Mais que uma política pública, os cursos se transformaram em instrumentos de mudança social. Segundo Aline, a principal conquista é a autoconfiança. Mulheres que antes buscavam apenas ajuda emergencial hoje se posicionam como empreendedoras, ainda que de forma informal.
“Damos prioridade a cursos que possam ajudar as pessoas – especialmente as mulheres – a conquistarem independência financeira, seja por meio do mercado de trabalho formal ou do empreendedorismo”, destaca.
No horizonte, a instituição planeja ampliar as formações técnicas e empreendedoras, com foco em tecnologia, atendimento ao cliente e módulos para mulheres que já possuem negócios.
Em cada nova turma, histórias se renovam. O elo entre vulnerabilidade e independência tem sido o conhecimento. Ele não apenas ensina uma profissão, mas devolve às mulheres a certeza de que são capazes.
O impacto já aparece nas ruas de Itupeva, onde antes muitas eram invisíveis. Hoje, oferecem serviços e produtos com orgulho, marcando uma transformação silenciosa — mas profunda.
Serviço
Fundo Social de Solidariedade de Itupeva
Endereço: Rua Profª Deolinda Silveira Camargo, 100 – Jardim São Vicente
WhatsApp: (11) 4496-3131